quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quilombos Urbanos

O encontro com Clarice e Adriana (ativistas do movimento Negro/Seduc-Poa) foi muito produtivo no que diz respeito á uma nova tomada de consciência sobre a ausência e presença do negro na cidade de Porto Alegre.
Monitora da saída de campo

O real início de nosso trabalho de campo é efetivado um dia antes (sexta feira, 1/06) durante a aula da Professora Lígia Goulart, que explanou sobre a importância deste tipo de trabalho, de quebrar certos paradigmas e de objetivar ele, para que tenho um melhor proveito.
A início prático do trabalho se deu, de fato, na tarde de sábado (02/06), quando a professora Carla Meinerz, ainda dentro do campus central, nos mostrou a bela obra plástica que mostra o contorno do continente africano figurando como se fosse uma marca de pegada, representando assim, nos lugares onde é reproduzida,  as heranças culturais, territoriais e simbólicas dos negros de Porto Alegre (existe também uma destas marcas na praça da Alfândega).
UFRGS-Campus Central
Não nos basta apenas ler recortes da história e constatar a opressão sofrida pelo povo negro na cidade de Porto Alegre. Um trabalho de campo desta natureza é muito frutífero, pois as vivências de nossas “guias/orientadoras” também faz com que apropriemo-nos de uma sistematização referente a retirada (Expulsão) do negro, das áreas centrais da cidade através de ações higienizadoras, burguesas e racistas.

Nossa primeira parada, próxima á igreja das Dores, na rua dos Andradas, permitiu-nos uma vivência com o toque percussivo de uma réplica de tambor, onde todos colaboraram para o troar do som naquela reprodução de instrumento, que significa a religiosidade e o sentimento de pertença do negro em relação á sua africanidade, bem como (no caso, o posicionamento daquela réplica em si) a localização de algumas concentrações de populações negras na cidade a algumas décadas atrás. Não somente a arquitetura, a tez da pele dos transeuntes ou as placas e memoriais nos dão algum sentido de representação social de algum bairro. O culto aos tambores (atabaques, sopapos) pode ser uma referência de identificação dos perfis etnográficos dos territórios, em especial no Brasil, país tão carregado de musicalidade e irreverência cultural, amalgamada por excelência.
Largo da Forca

 No campo que fizemos, passamos pelo parque da redenção, no bairro Bom Fim. Este parque possui este nome pois os últimos escravos obtiveram sua liberdade neste local. O que pode ser explorado geográfica/historicamente nesta parte do trabalho de campo é o fato de que muitas famílias de judias compraram terrenos neste bairro após o fim da segunda guerra mundial. Sendo assim, os negros que ali residiam até então foram sendo excluídos no processo de urbanização, e tiveram que mudar suas residências para o bairro da Lomba do Pinheiro, Parthenon, assim como ocorreu com as famílias que se situavam na ilhota e cidade baixa, que foram forçados a se mudarem para a restinga.
A história da urbanização da cidade de Porto Alegre é, de certa forma, a história da exclusão espacial dos negros.

O quilombo do Silva, por sua vez, é um exemplo de quilombo urbano e de resistência Sócio/cultural em uma área central da cidade. O pensamento do professor Milton Santos quanto à cidade (o de que ela é uma “sucessão de tempos desiguais”) é notado com precisão neste caso. As temporalidades dos moradores, a arquitetura antiga tramada em meio às novas moradias, os fios de luz entrelaçados, são bons exemplos das condições gerais em que estão os quilombolas urbanos do Rio Grande do Sul e do Brasil.






Quilombo do Areal

 
Na Avenida Ipiranga, observamos uma pichação que diz “Brigada racista, valeu Zumbi”. Pichação esta, que por estar muito próxima ao palácio da polícia, mostra (da parte de quem “pichou”) uma rebeldia, um questionamento e repúdio quanto ás atitudes que a polícia vem tendo frente aos jovens negros da cidade.






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