segunda-feira, 8 de outubro de 2012

UrbanoxRural- Comparativos dentro da mesma cidade


Historicamente, a urbanização da cidade de Porto Alegre concentrou-se nas regiões Centro e Norte do município devido à presença do Porto do Guaíba e de barreiras geográficas, como a Crista de Porto Alegre (Morros da Companhia, da Polícia, Teresópolis e do Osso). Isso fez com que a região mantivesse as características de área rural, permitindo inclusive a permanência de amplas áreas naturais preservadas, formando assim um belo cinturão verde para Porto Alegre que beneficia toda a área urbana.
http://www.cinturaoverdepoa.org.br/default.php?p_secao=12

Nesse site podemos achar informações sobre a zona sul de Porto Alegre, que como diz o pequeno texto, tem uma área natural ainda preservada. Com essa saída de campo pode ser trabalhado os contrastes da cidade, urbano e rural, e mostrar a diversidade do espaço dentro do município de Porto Alegre.
A partir das paisagens analisadas pelos alunos, pode-se montar um painel em sala de aula acrescentando  conceitos as imagens e aos apontamentos feitos.

Saída de campo: Porto Alegre 01/09/2012.



Turma na saída de Campo
Açorianos                                                                                                 
Na ponte de pedra no largo dos Açorianos foi o inicio de nosso trabalho de campo. A professora Ligia falou sobre historicidades: que no século XIX esta ponte foi construída por escravos, servia para escoar a produção e dividia a parte “baixa” das chácaras. Neste mesmo contexto, os pobres foram gradativamente sendo descolocados para a zona rural da cidade.  Cabe ressaltar, em uma saída a campo desta natureza, o modelo radial concêntrico das ruas de nossa cidade. Falar sobre isto revela e contextualiza os problemas de transito e de planejamento urbano. A professora Ligia citou as perimetrais que tentam mudar isso, fazendo um anel externo na cidade para que as pessoas não tenham que passar pelo centro e não se tinha a preocupação com os meandros do arroio diluvio e sua função de armazenamento.
Viaduto Otávio Rocha
O segundo ponto visitado foi o “viaduto da Borges”, que unia a zona sul e a zona norte da cidade no início do século XX. Foi a primeira grande obra viária da cidade que alterou a paisagem, o espaço geográfico e a mobilidade urbana de Porto Alegre.
Praça da Matriz
Este é um ponto interessante e muito valido para uma aula em campo: podemos falar dos três poderes, da igreja e da importância daquela área enquanto terreno alto perante outras partes da cidade. Este fator pode levar a uma reflexão de comparação de outras áreas nobres em outras cidades e especulação imobiliária. Alguns prédios positivistas foram demolidos para uma suposta revitalização da cidade, outros foram mantidos. A análise do monumento Júlio de Castilhos, proporciona a analise do poder simbólico e ideologia politica positivista que predominava no Rio Grande do Sul no período da República Velha.
Rua dos Andradas
Este foi o quarto ponto visitado. Na frente do antigo hotel Magestic, observamos a casa de cultura Mario Quintana e também uma carcaça de um antigo prédio que virou estacionamento, mostrando, de certo modo a situação dos prédios antigos do centro histórico. Poderíamos elaborar uma aula no sentido de identificar o contraste entre os prédios antigos e novos do centro de Porto Alegre, mostrando a (des) valorização que os seguimentos dominadores da sociedade estão dando para um e para outro. Percorremos a rua até as imediações da usina do gasômetro.
Quilombo dos Alpes
Observamos nesse ponto do trabalho uma comunidade muito peculiar em uma área urbana: remanescentes de trabalhadores escravizados, oriundos do extremo sul da cidade habitando o ponto mais alto de Porto Alegre (291m). Seu Gumercindo (morador do quilombo) falou sobre os graves problemas que a especulação imobiliária traz para os moradores do quilombo, pois, é uma área valorizada pelo seu posicionamento e belezas naturais (ocasionando até mesmo assassinatos políticos pela reivindicação da área). O quilombo em quanto tema de sala de aula é riquíssimo, pois, podemos falar de legislação (atuação do INCRA na demarcação do território), resistência cultural e geomorfologia. Além de tudo isso, foi o local escolhido para fazermos o lanche e integração social.
Belém Velho
Neste clássico bairro de Porto Alegre, observamos uma paisagem bucólica frente às outras que foram observadas ao longo do trabalho. A pequena igreja católica, a quadra de esportes e a figueira na praça dão nuances de interior para essa área da cidade. Nessa observação ficou claro que a dimensão territorial de Porto Alegre reserva surpresas para os moradores acostumados com um ambiente urbano cosmopolita.
Templo
Assim como a paisagem do quilombo dos Alpes a formação rochosa que constitui a área do templo nos permite uma visualização parcial da zona sul da cidade (incluindo a restinga) e da orla mais aproximada do Lago Guaíba em relação à lagoa dos patos (Itapuã, Lami e Ponta Grossa). A construção de um condomínio de luxo coloca em risco a Mata do local (resquícios de Mata atlântica) e pode ser observado do mirante da igreja.
Restinga
Na saída de campo em direção à restinga, relembramos a origem do bairro que é oriundo das politicas de higienização provenientes da canalização do arroio dilúvio e extinção da antiga ilhota (nas imediações da cidade baixa) que abrigava os futuros moradores da região hoje conhecida como restinga. Nessa saída de campo podemos trabalhar com segregação espacial; explicar seus motivos, contextualizar a quem está observando as razões da desigualdade social, da coesão urbana e da origem histórica dos bairros populares da cidade.
Ilhas do Guaíba
Na saída pelas ilhas do Guaíba, além da ludicidade do momento, podemos trabalhar com bacias hidrográficas, ilhas sedimentares, formas deltaicas, ecossistemas e tantos outros. O contraste entre pescadores e pilotos de Jet Skis traz a dimensão das diferenciações sociais presente entre os habitantes das ilhas, considerando que a miséria presente na ilha das flores se situa a poucos quilômetros das mansões a beira dos rios.