quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Saída de campo: Rio Pardo/ Santa Cruz. Algumas impressões.

Em um primeiro olhar imaginaríamos que esta saída teria somente uma vocação: A Histórica. Tratando de um dos quatro municípios do estado é o primeiro paradigma que deve ser quebrado. O simples fato de ir aos locais e não só estudá-los “no papel” contextualiza e demonstra o dinamismo evidente (na economia, migrações, comportamento, etc.) que a geografia objetiva demonstrar.
Acreditamos que esta saída de campo cumpriu com este primeiro preceito.

A fala do Sr. Ernesto mostra que “(...) esta praça se chama Dr. Pedro Alexandrino Borba, é antiga, mas tem pichações e (...) como se diz”? Emos, não é?
Uma singela colocação que deflagra os conflitos das gerações em uma cidade histórica.
O terreno onde existiu o antigo forte nos dá uma sensação de “poder observar e vigiar”. Só temos esta impressão, esta sensação estando lá. É importante oportunizar isto aos estudantes desde as séries iniciais, em especial quando se fala de poder, de construção de identidade no território, e os fatos que influenciam estes elementos culturais.

Um link interessante a se fazer entre as duas saídas de campo feitas em nosso curso pode ser a observação das janelinhas das senzalas nos porões das casas ricas de origem portuguesa nos dois municípios (Rio Pardo e Porto Alegre). Estas colagens, de comparações, podem ser feitas quando se realiza um trabalho desta natureza, pois dá uma idéia de movimento, tendência e repetição.

O restauro da igreja (devido a um incêndio) e as modificações arquitetônicas que se sucederam pelos anos são bons motivos para se visitar o templo construído em 1801. Ainda é outro momento para se falar que a história nunca para, que os objetos são influenciados pelo contexto que o cerceia e que é importante acompanhar estas modificações, á quem elas servem á quem pretendem beneficiar e que histórias querem contar. O Sr. Ernesto falou sobre isto, sobre os erros e acertos nas restaurações dos prédios históricos. Falou também dos heróis (João Cândido) e contou “causos” sobre o comunismo, nazismo e falta de liberdade na região de Dresden, na Alemanha (terra de seu avô).  
Muito significativo foi, também, a visita á AFUBRA. Ouvir o que pensam os representantes dos fumicultores. Sua visão empresarial, sindical e as contradições entre suas práticas e seus discursos sobre sustentabilidade, bem estar social e previdência.
A saída de campo a Santa Cruz do Sul, que é um dos principais núcleos da colonização Alemã no Rio Grande do Sul, oportunizou a observação do desenvolvimento da cidade no aspecto econômico que tem relação direta com a cultura do fumo visitada e observada na AFUBRA (Associação dos Fumicultores do Brasil). O principal estímulo econômico da cidade vem das plantações do fumo que atraiu para a região inúmeros fabricantes de cigarro e distribuidoras de fumo tais como: Souza Cruz, Universal Leaf Tabacos, Philip Morris Tabacos, entre outras. A vinda dessas multinacionais não incentivou o desenvolvimento social da cidade, pois, notasse no percurso que o processo de urbanização da cidade evidencia certa favelização nas zonas mais periféricas. Observam-se no caminho em direção as zonas mais urbanizadas (centro) uma quantidade significativa de fabricas de cigarros provenientes do cultivo e produção industrial do fumo. Nota-se que prédios antigos (históricos) da cidade de Santa Cruz do Sul serviram (ou ainda servem a atividade industrial) de sede para as indústrias que produzem o cigarro fazendo um grande contraste entre o passado de cultura germânica na região e o presente industrial voltado para a cultura do fumo. Esse exercício de reflexão entre as rupturas e permanências entre o passado e o presente pode ser utilizado como uma atividade de contextualização referente a ocupação urbana do Rio Grande do Sul ou contextualizando o processo histórico de imigração alemã. Existe uma forte presença da cultura do fumo no cotidiano da região que é muito criticada e questionada socialmente vistas as crescentes reduções do consumo do fumo mundialmente, obedecendo à crescente tomada de consciência dos comprovados riscos para a saúde dos produtos derivados do tabaco - tabagismo, tabagismo passivo, uso de agrotóxicos, doença da mão verde, etc.
A saída de campo para a região de Santa Cruz do Sul pode proporcionar aos alunos um estudo prático dos processos históricos e geográficos de imigrações e ocupação urbana que ocorreram na história da região sul estudando aspectos culturais e de identidade e como isso se relaciona com o presente influenciado pela indústria do fumo. O papel das multinacionais na economia das cidades pode gerar reflexões e debates sobre questões sociais, tais como, o contraste entre os pontos turísticos da cidade (com maior investimento do município) e as zonas periféricas que não foram beneficiadas com a industrialização voltada para a atividade econômica do fumo. 

Rio Pardo- Santa Cruz do Sul


Para a segunda saída de campo, nos foi proposto uma visita aos Municípios de Rio Pardo e Santa Cruz do Sul. Duas importantes cidades, em diferentes contextos, para a definição territorial e econômica do Rio Grande do Sul.
Num dia muito corrido, percorremos os dois municípios, junto do forte Jesus Maria José e da Associação dos fumicultores, a AFUBRA. Esses variados lugares podem nos possibilitar diferentes trabalhos. A seguir serão feitas sugestões de atividades e leituras envolvendo essa saída de campo. 

http://www.flickr.com/photos/wagnerinno/7627657278/sizes/o/in/set-72157630711830584/