Acreditamos que esta saída de campo cumpriu com este primeiro preceito.
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A fala do Sr. Ernesto mostra que “(...) esta praça se chama Dr. Pedro Alexandrino Borba, é antiga, mas tem pichações e (...) como se diz”? Emos, não é?
Uma singela colocação que deflagra os conflitos das gerações em uma cidade histórica.
O terreno onde existiu o antigo forte nos dá uma sensação de “poder observar e vigiar”. Só temos esta impressão, esta sensação estando lá. É importante oportunizar isto aos estudantes desde as séries iniciais, em especial quando se fala de poder, de construção de identidade no território, e os fatos que influenciam estes elementos culturais.
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Um link interessante a se fazer entre as duas saídas de campo feitas em nosso curso pode ser a observação das janelinhas das senzalas nos porões das casas ricas de origem portuguesa nos dois municípios (Rio Pardo e Porto Alegre). Estas colagens, de comparações, podem ser feitas quando se realiza um trabalho desta natureza, pois dá uma idéia de movimento, tendência e repetição.
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Muito significativo foi, também, a visita á AFUBRA. Ouvir o que pensam os representantes dos fumicultores. Sua visão empresarial, sindical e as contradições entre suas práticas e seus discursos sobre sustentabilidade, bem estar social e previdência.
A saída de campo a Santa Cruz do Sul, que é um dos principais núcleos da colonização Alemã no Rio Grande do Sul, oportunizou a observação do desenvolvimento da cidade no aspecto econômico que tem relação direta com a cultura do fumo visitada e observada na AFUBRA (Associação dos Fumicultores do Brasil). O principal estímulo econômico da cidade vem das plantações do fumo que atraiu para a região inúmeros fabricantes de cigarro e distribuidoras de fumo tais como: Souza Cruz, Universal Leaf Tabacos, Philip Morris Tabacos, entre outras. A vinda dessas multinacionais não incentivou o desenvolvimento social da cidade, pois, notasse no percurso que o processo de urbanização da cidade evidencia certa favelização nas zonas mais periféricas. Observam-se no caminho em direção as zonas mais urbanizadas (centro) uma quantidade significativa de fabricas de cigarros provenientes do cultivo e produção industrial do fumo. Nota-se que prédios antigos (históricos) da cidade de Santa Cruz do Sul serviram (ou ainda servem a atividade industrial) de sede para as indústrias que produzem o cigarro fazendo um grande contraste entre o passado de cultura germânica na região e o presente industrial voltado para a cultura do fumo. Esse exercício de reflexão entre as rupturas e permanências entre o passado e o presente pode ser utilizado como uma atividade de contextualização referente a ocupação urbana do Rio Grande do Sul ou contextualizando o processo histórico de imigração alemã. Existe uma forte presença da cultura do fumo no cotidiano da região que é muito criticada e questionada socialmente vistas as crescentes reduções do consumo do fumo mundialmente, obedecendo à crescente tomada de consciência dos comprovados riscos para a saúde dos produtos derivados do tabaco - tabagismo, tabagismo passivo, uso de agrotóxicos, doença da mão verde, etc.
A saída de campo para a região de Santa Cruz do Sul pode proporcionar aos alunos um estudo prático dos processos históricos e geográficos de imigrações e ocupação urbana que ocorreram na história da região sul estudando aspectos culturais e de identidade e como isso se relaciona com o presente influenciado pela indústria do fumo. O papel das multinacionais na economia das cidades pode gerar reflexões e debates sobre questões sociais, tais como, o contraste entre os pontos turísticos da cidade (com maior investimento do município) e as zonas periféricas que não foram beneficiadas com a industrialização voltada para a atividade econômica do fumo.
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